Mudar a forma como você se relaciona com a comida não acontece num estalo. Não é uma decisão tomada hoje que se sustenta sozinha amanhã. É um caminho construído aos poucos, com escolhas diárias, com tropeços, com aprendizados e, principalmente, com paciência.
Existe uma expectativa muito comum de que a mudança precisa ser imediata. Que basta querer, decidir e pronto. Mas quando falamos de comportamento alimentar, estamos falando de crenças antigas, de padrões emocionais, de histórias pessoais e de hábitos que foram sendo criados ao longo de anos. Desfazer isso leva tempo. E tudo bem.
Essa jornada não é linear. Vai ter dia em que você se sente confiante, conectada com o corpo, fazendo escolhas conscientes. E vai ter dia em que parece que nada deu certo. Esses altos e baixos não significam fracasso. Eles fazem parte do processo. Eu vejo isso diariamente com minhas pacientes e sempre faço questão de reforçar: oscilar é humano.
Eu entendo a vontade de acordar amanhã em paz com a comida. Entendo o desejo de resolver tudo rápido, de não sentir culpa, medo ou ansiedade ao comer. Mas essa relação não se transforma de um dia para o outro. O que transforma de verdade é a constância, não a pressa.
Sempre sou muito sincera ao dizer que o processo não é rápido. Mas também faço questão de dizer que ele é possível e profundamente transformador. Começar exige coragem. Exige aceitar que alguns dias serão mais leves e outros mais desafiadores. E, mesmo assim, continuar.
Nos dias difíceis, é importante lembrar que você não precisa dar grandes saltos. Um passo já é suficiente para não permanecer no mesmo lugar. Uma escolha um pouco mais consciente, um momento de pausa antes de comer, um olhar mais gentil para si mesma. Tudo isso conta.
Cada pequena vitória constrói algo maior. Aos poucos, você vai percebendo mudanças sutis que fazem toda a diferença. Mais consciência, menos culpa, mais escuta do corpo, menos rigidez. E quando você percebe, a relação com a comida começa a mudar junto com a forma como você se enxerga.
A transformação acontece quando você entende que esse é um processo contínuo. Um caminho de aprendizado, de autorreflexão e de aceitação. Não se trata de ser perfeita, mas de ser real. Quando você respeita seu tempo e caminha com paciência, constrói uma base sólida para mudanças que permanecem.
Então, se hoje parece difícil, lembre-se disso: seguir em frente, mesmo devagar, ainda é seguir em frente. E cada passo, por menor que pareça, é um avanço em direção a uma vida mais leve, equilibrada e saudável.

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