Se tem uma coisa que eu vejo todos os dias no consultório é gente cansada de tentar. Cansada de dieta, de regra, de proibição, de começar na segunda-feira e desistir na quarta. E sabe de uma coisa? Eu entendo. Porque, na maioria das vezes, o problema nunca foi falta de força de vontade. O problema é acreditar que a próxima dieta milagrosa vai resolver tudo.
A verdade é que viver nesse ciclo de restrição e recaída só afasta você de resultados duradouros. Comer menos por um tempo até emagrecer e depois recuperar tudo não é fracasso seu. É consequência de um método que não respeita o corpo, a mente e a vida real.
Antes de pensar em mais uma dieta, eu gosto de convidar você a olhar para outros pontos que fazem muito mais diferença no dia a dia e, principalmente, na relação com a comida.
O primeiro deles é aprender a não descontar as emoções na comida. Muita gente come quando está triste, ansiosa, estressada ou entediada. A comida vira colo, distração, anestesia. E não, isso não faz de você fraca. Faz de você humana. Mas quando a comida vira a única forma de lidar com o que sentimos, o preço aparece depois em culpa, compulsão e frustração. Buscar outras formas de acolher essas emoções, como conversar com alguém, fazer terapia, se movimentar, respirar, meditar ou simplesmente parar e se escutar, muda tudo.
Outro ponto essencial é entender que a comida não pode ser a única fonte de prazer da sua vida. Comer é bom, claro que é. Mas quando tudo que traz prazer gira em torno da comida, o desequilíbrio aparece. Ter hobbies, momentos de descanso, atividades que dão alegria e sensação de pertencimento ajuda a tirar esse peso enorme que colocamos no ato de comer. A comida deixa de ser escape e volta a ser o que deveria ser: parte da vida, não o centro dela.
Respeitar os sinais de fome e saciedade do corpo é um aprendizado poderoso. Seu corpo fala o tempo todo, mas a cultura da dieta ensinou a ignorar. Comer sem fome porque deu o horário ou continuar comendo mesmo satisfeito porque está no prato são hábitos muito comuns. Quando você aprende a reconhecer a fome de verdade e a perceber o momento de parar, o corpo começa a confiar em você de novo. Isso não acontece da noite para o dia, mas acontece.
E não dá para falar de alimentação sem falar de água e sono. A desidratação e noites mal dormidas bagunçam hormônios, aumentam a fome, reduzem a saciedade e deixam tudo mais difícil. Beber água ao longo do dia e priorizar o sono não é detalhe. É base. Muitas vezes, antes de pensar em cortar comida, precisamos cuidar do básico.
Esses pontos parecem simples, eu sei. Mas simples não significa fácil. Eles exigem presença, paciência e, principalmente, gentileza com você mesma. Alimentação saudável não é sobre perfeição, é sobre constância possível. Não é sobre emagrecer rápido, é sobre viver melhor.
No fim das contas, o objetivo não deveria ser caber em um padrão, e sim construir uma relação mais leve com a comida, com o corpo e com a própria história. Quando isso acontece, os resultados vêm. E, dessa vez, ficam.

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