Nutricionista Mari Trigueiro

Para muitas pessoas, a balança se torna uma espécie de juíza diária. Um pequeno aumento no número pode desencadear ansiedade, frustração e até a sensação de fracasso. Se pesar várias vezes ao dia vira um hábito automático. E cada oscilação parece ganhar um significado emocional enorme. Se você se reconhece nesse ciclo, respire fundo e permita-se acolher o que está prestes a ler. A balança não conta toda a história Estar mais pesado em determinado momento não significa que você engordou. Engordar é aumentar o percentual de gordura corporal. A balança não tem a capacidade de diferenciar gordura, músculo, líquidos, digestão ou alterações hormonais. Ela apenas mostra um número isolado, que pode variar ao longo do dia por diversos motivos naturais. Essas variações são normais. Depois de uma refeição, após beber água, durante o ciclo menstrual, em dias mais quentes ou até mesmo após uma noite de sono menos reparadora, o corpo responde com pequenas oscilações que não representam acúmulo re...

  A transformação corporal, seja para emagrecer, ganhar peso ou desenvolver uma relação mais consciente com o próprio corpo, não é um processo linear. Ela se parece muito mais com uma trilha cheia de curvas, momentos de dúvida, inseguranças e pequenas vitórias silenciosas. Romantizar esse caminho seria injusto. A verdade é que ele exige coragem, paciência e uma boa dose de autocompaixão. Um caminho que inclui tropeços É comum acreditar que disciplina é a única chave para resultados, mas a realidade é mais complexa. Existem dias em que a motivação falha. Existem semanas em que a balança não muda, mesmo com tanto esforço. Existem comparações inevitáveis com a jornada de outras pessoas. E é aí que precisamos lembrar que cada corpo reage de forma única. Esperar que o seu espelhe o de outra pessoa é desvalorizar sua própria história. Por mais contraditório que pareça, os momentos de adversidade revelam o que existe de mais potente em você. O impulso de desistir aparece, especialmente...

Começar um processo de emagrecimento pode ser desafiador. Nesse caminho, é comum ver pessoas cortando o chocolate da alimentação como se ele fosse o grande vilão da história. Mas será que essa é a melhor saída? A verdade é que restringir esse alimento de forma radical pode atrapalhar mais do que ajudar. O chocolate desperta prazer, ativa áreas do cérebro ligadas ao bem-estar e faz parte da rotina afetiva de muitas pessoas. Quando ele é retirado da alimentação de forma brusca, a tendência é que a vontade fique cada vez maior, levando a episódios de exagero. Em vez de equilíbrio, cria-se um ciclo de culpa e descontrole. A boa notícia é que dá para emagrecer e, ao mesmo tempo, continuar consumindo chocolate. O segredo está na forma como você se relaciona com ele. Como aproveitar o chocolate com consciência e equilíbrio Deixe derreter na boca Comer devagar faz toda a diferença. Quando você permite que o chocolate dissolva naturalmente, o cérebro tem tempo para perceber o sabor, a text...

  Vivemos em um cenário saturado de dietas da moda, chás milagrosos e produtos que prometem transformar o corpo quase como um passe de mágica. É fácil entender por que tantas pessoas acreditam nessas soluções rápidas. Afinal, quem não gostaria de um alimento capaz de acelerar o metabolismo, eliminar gordura e resolver, de uma vez por todas, a questão do peso? Mas a verdade é simples e libertadora: não existe alimento capaz de emagrecer sozinho. Nenhum chá faz a gordura “derreter” enquanto você dorme. Nenhuma fruta elimina quilos de forma permanente. São mitos que criam expectativas irreais e, no fim, geram frustração. Por que esses mitos persistem Porque a ideia do “alimento que emagrece” parece prática, fácil e imediata. Mas nosso corpo não funciona assim. Ele é complexo. Ele responde a comportamentos, à rotina, às emoções e ao contexto geral da alimentação, e não a um único item isolado do prato. O que realmente funciona O emagrecimento saudável e duradouro nasce de uma cons...

A ideia de “pular o jantar” ou “trocar uma refeição completa por alguns lanches” circula há anos e, não raro, parece uma solução simples para quem busca perder peso. Mas a realidade é bem diferente do que essa promessa rápida sugere. O que realmente determina o emagrecimento não é deixar de jantar, e sim como você organiza a sua alimentação ao longo do dia. Isso envolve qualidade, quantidade e equilíbrio nutricional. Se você troca uma refeição saudável por lanches ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura, o corpo sente. E dificilmente isso vai te aproximar dos seus objetivos. Lanche no lugar do jantar: pode? Pode, desde que seja bem feito. Em alguns casos, um lanche leve e equilibrado funciona. Em outros, o corpo precisa mesmo de uma refeição completa. Cada organismo responde de uma forma, e é por isso que generalizações não funcionam na nutrição. Algumas pessoas dormem melhor com uma refeição mais leve. Outras precisam de um jantar completo para manter a energia estável. O impo...

Quando alguém decide emagrecer, geralmente enfrenta mais do que a própria mudança de hábitos. Enfrenta também opiniões alheias, comentários indelicados e até aquelas frases prontas que, de tão repetidas, parecem verdade absoluta. Uma das mais comuns é o famoso “é só fechar a boca”. Mas será que emagrecer é tão simples assim? A ciência, e a experiência clínica,  mostram que não. Emagrecimento: um processo complexo, humano e individual O peso corporal não depende apenas da quantidade de comida no prato. Reduzir essa discussão a “comer menos” é ignorar tudo aquilo que torna cada pessoa única. Metabolismo, genética, sistema hormonal, saúde mental, nível de atividade física, padrão de sono, estresse, uso de medicamentos e até o ambiente em que vivemos... tudo isso influencia o peso. Ou seja: o corpo não funciona como uma conta matemática. Ele funciona como um sistema vivo que reage ao mundo, às emoções, ao estilo de vida e à história de cada pessoa. Por que culpar a pessoa não fu...

  Comer melhor não significa comer menos Ainda é comum associar uma alimentação saudável a pratos pequenos, porções reduzidas e longas listas de restrições. Mas comer bem não é sobre comer pouco, e sim sobre comer com mais consciência, qualidade e prazer. A ideia de que “comer menos é sempre melhor” está ligada a uma cultura de dietas restritivas e a uma mentalidade de punição, que transforma o ato de se alimentar em algo cheio de regras e culpa. No entanto, nutrir o corpo vai muito além de contar calorias: é sobre entender o que ele precisa, respeitar seus sinais e escolher alimentos que tragam satisfação e energia real. O que é, de fato, comer melhor? Comer melhor é um processo de reconexão. É aprender a respeitar a própria fome, as preferências pessoais e o contexto de cada refeição. Não existe uma única forma correta de comer bem, porque cada corpo tem sua história, rotina e necessidades. Quando falamos em qualidade, falamos também em variedade , equilíbrio e presenç...

  Frases que parecem inofensivas, mas reforçam a culpa com a comida Você provavelmente já ouviu ou até disse alguma dessas frases: “Hoje mereço um docinho, já que fui à academia.” “Vou comer só salada porque ontem exagerei.” “Já que comi um pedaço, agora vou comer o bolo inteiro.” À primeira vista, elas parecem inofensivas. Mas, no fundo, revelam uma forma distorcida de se relacionar com a alimentação e com o próprio corpo. Quando o comer vira uma punição ou recompensa Essas expressões mostram o quanto a comida ainda é vista como algo que precisa ser compensado, controlado ou merecido. A ideia de “comer certo” ou “comer errado” reforça a chamada mentalidade de dieta , que transforma o ato de se alimentar em uma constante negociação entre culpa e permissão. Dizer “hoje posso” ou “hoje não posso” comer algo cria uma relação emocionalmente cansativa com a comida. O prazer e o equilíbrio dão lugar à restrição e ao medo de “estragar tudo”. O ciclo da culpa e da compensação F...